CorreiosPar: Em entrevista, presidente da ECT admite que o intuito é dobrar o lucro! Receita hoje já é de 16,6 bilhões



Para entender um pouco mais sobre CorreiosPar, publicamos a entrevista de Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, em que ele explica as mudanças na ECT para a revista Carta Capital.

O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, aposta na diversificação para aumentar receita.
No dia 7 de julho os Correios aprovaram a criação da CorreiosPar, subsidiária responsável por administrar um grupo de companhias com a missão de mudar completamente o perfil da estatal. 
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi fundada há 350 anos no intuito de ser responsável pelas entregas de cartas e objetos à população. 
Porém, ultimamente sequer estes serviços básicos a direção dos Correios vem exercendo com competência, pois a cada dia é mudado o foco da empresa, aumentando os serviços e nenhum investimento é feito para oferecer melhores condições de trabalho aos funcionários e para melhor atender a população.
Agora a ECT pretende, além de toda a logística de entregas, agregar outros negócios como:  Prestar serviços de comunicação digital, operação de telefonia móvel, serviços bancários e transporte aéreo de cargas. 
Em entrevista, Wagner Pinheiro admite que tais medidas são para dobrar a receita da Empresa, que hoje já é de 16,6 bilhões de reais, espremendo o máximo possível para extrair esses lucros dos trabalhadores e depois sequer repartir o lucro, como visto nesta "novela" que se tornou nossa PLR deste ano.
Que o fluxo de cartas e mensagens escritas em papel diminuiu ao longo dos anos, isto é inegável, faz parte das inovações tecnológicas, mas ainda é responsável por 53% de toda receita da Empresa. Apesar disso, existe um aumento considerável em compras pela internet e entregas de objetos registrados. O que fez com que em 2013, os Correios lucrassem 325 milhões de reais.
Porém, a direção dos Correios só pensa em aumentar cada vez mais os lucros, seguindo a lógica do sistema capitalista. Desta forma, os funcionários são pressionados a trabalhar por 2 ou mais, existe um descaso com o bem estar dos ecetistas que não possuem condições dignas de trabalho, os salários são os mais baixos entre todas as empresas estatais, a negociação da Participação nos Lucros e Resultados é tratada com desrespeito, as tarifas de postagens só aumentam e os patrões estão em constantes reuniões para buscar outras fontes de arrecadar mais dinheiro.
Veja alguns trechos da entrevista:
Revista CartaCapital: Que serviços os Correios irão oferecer?
Wagner Pinheiro: Trabalhamos para atuar mais fortemente com comunicação digital, serviços bancários e entrar na telefonia celular virtual. Desde o ano passado usamos a tecnologia chamada e-Carta, pela qual o cliente manda um e-mail com um arquivo, os Correios imprimem e enviam a partir do posto mais próximo do destinatário. Prestamos o serviço para tribunais de Justiça e digitalizamos esses documentos para mantê-los guardados pelo tempo necessário. Vamos acelerar a oferta dessa modalidade a partir da parceria com a companhia Valid, de certificação digital e gestão de documentos eletrônicos.
Revista CartaCapital: Em que fase está esta mudança?
Wagner Pinheiro:  Pretendemos operar a partir de novembro. 
Revista CartaCapital: Como está a experiência dos Correios no setor financeiro?
Wagner Pinheiro: Ampliamos neste ano a parceria com o Banco do Brasil no Banco Postal criado em 2000, para oferecer todos os produtos disponíveis em qualquer instituição bancária, um serviço anteriormente não permitido aos Correios. Temos projeto piloto em 80 agências e 3 milhões de contas foram abertas com o Banco do Brasil. Nosso objetivo é aumentar significativamente esse mercado. Em mais de 1,6 mil municípios, a única agência é o Banco Postal. 
Revista CartaCapital: Quando deverá ser lançado o serviço de telefonia celular virtual?
Wagner Pinheiro: O projeto com o Poste Italiane, com a marca Poste Mobile, só não andou mais rápido por causa de uma mudança na diretoria do grupo italiano. Pretendemos retomá-lo no segundo semestre, quando escolheremos o parceiro para a infraestrutura do serviço, uma operadora de celular tradicional. Usaremos a rede deste parceiro, mas todo o relacionamento do cliente será com a nossa estrutura de atendimento. Esse tipo de serviço tem abocanhado 8% da parcela do mercado global de telefonia móvel nos países onde é implantada. Queremos ser líderes no Brasil também nesse segmento.
Revista CartaCapital: O que determinará a escolha do parceiro?
Wagner Pinheiro: As melhores condições oferecidas pelos grandes operadores quanto à abrangência, custo e oferta de serviços. A Poste Mobile terá a maior parte do capital e nós ficaremos com cerca de 49% via CorreiosPar.
Revista CartaCapital: Ter a maior parte do faturamento proveniente de correspondência é uma desvantagem para os Correios hoje?
Wagner Pinheiro: Não. A experiência e a credibilidade adquiridas com essa operação nos permitirão ampliar nossos serviços. Aumentamos os investimentos na entrega de encomendas para construir uma grande empresa de logística. O objetivo é em dez anos faturar 15 bilhões de reais por ano nessa área, o equivalente à receita atual dos Correios. Ofereceremos serviços integrados para empresas interessadas em terceirizar a gestão de estoques.
Revista CartaCapital: Como se dá a atuação dos Correios no comércio eletrônico?
Wagner Pinheiro: Temos 45% do segmento de comércio eletrônico no Brasil, por meio de parcerias com 6 mil lojistas, entre eles grandes varejistas como o Magazine Luiza e serviços de venda pela internet como a Netshoes, o Mercado Livre e o PayPal. O segmento representa 23% da nossa receita de encomendas.  Os Correios cresceram 17% nesse setor, em 2013. Queremos incrementar o serviço com controle e manutenção de estoque, busca de produtos nas fábricas, entrega aos clientes, logística reversa para troca e conserto.
Revista CartaCapital: Os Correios temem a concorrência da americana FedEx no mercado brasileiro?
Wagner Pinheiro: Toda concorrência preocupa. Mas crescemos mais de 25% ao ano na entrega de encomendas nos últimos anos, fruto do aumento do comércio eletrônico. Temos um terço desse mercado no Brasil. A entrada da FedEx nos obriga a ser mais eficientes.
Revista CartaCapital: Como a empresa tem se preparado para crescer em encomendas?
Wagner Pinheiro: Investimos em tecnologia da informação, melhora do rastreamento e infraestrutura, com ampliação da nossa rede de centros de logística. Até 2017, os investimentos chegarão a 900 milhões de reais. Abrimos 20 mil postos de trabalho nos últimos três anos. Isso tudo faz parte do esforço para melhorar o atendimento. Avaliamos também uma parceria com uma empresa privada de logística para ampliar nossa participação com maior rapidez. No setor de transporte aéreo de cargas, aguardamos a aprovação do Cade para adquirirmos uma parcela de 45% a 49% dos Correios na Rio Linhas Aéreas.
* O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) já aprovou em 25 de julho a participação dos Correios na Rio Linhas Aéreas.

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