Protestos crescem na França contra a violência policial, racismo e opressão

O jovem Théo, de 22 anos, foi violentamente agredido pela polícia a 2 de Fevereiro, em Aulnay sous Bois, a norte de Paris. Sem justificativa, a polícia abordou quatro jovens negros que foram revistados, sofreram xingamentos racistas e agressões físicas. Câmeras de segurança registraram as cenas bárbaras da covardia policial. Théo Témoigne foi separado dos demais e foi estuprado por um dos policiais que usou um cassetete contra ele. 
No percurso até a delegacia, as agressões e xingamentos continuaram. Théo sofreu tantos golpes que foi levado em estado grave ao hospital, teve de ser submetido a uma cirurgia, e as prováveis sequelas decorrentes do estupro ainda são incertas para os médicos. 
A mídia evita dar destaque ao assunto e quando relata as notícias, fala em "suposto estupro” apesar das imagens, do relato da vítima e dos relatórios médicos.
Além disso, o jovem negro também sofreu tortura genital durante o trajeto na viatura.

França de muitas lutas

O fato se tornou público, gerando comoção internacional e mobilizações radicalizadas na cidade onde ocorreu e também em outras regiões da França.  Jovens estudantes organizaram um protesto sob o título de "Justica para Théo", que começou com 2 mil participantes e segue aumentando dia após dia. A tortura dos jovens pela polícia desencadeou os protestos porque a população periférica da França está cansada de sofrer com os abusos da polícia, especialmente contra os negros.
Milhares de jovens foram às ruas denunciando o caso e exigindo justiça e o fim da violência policial. Nas diversas cidades onde houve manifestações, elas foram reprimidas. Em diversos confrontos com a polícia francesa, centenas de jovens foram detidos por "desacato". Há muitas palavras de ordem nos muros franceses criticando a violência promovida pelo polícia a mando do Estado. Duas das principais são “sem justiça não haverá paz” e “policiais estupradores e assassinos”.
Já que a mídia televisiva não dá devido destaque, nas redes sociais há uma ofensiva e a solidariedade internacional aos jovens, o apoio aos protestos e o repúdio ao governo francês e sua polícia tem postagens sob a hashtag #JusticePourTheo (Justiça Para Théo, em francês).

Racismo e xenofobia todos os dias

Nas periferias, há escolas com alunos que são todos filhos de refugiados. Esse fato reflete a situação socioeconômica precária vivida pelos imigrantes. Estas escolas perpetuam as desvantagens dos filhos de refugiados que só têm acesso ao currículo básico, enquanto nas escolas mais centrais, são oferecidos outro tipo de capacitação.
A taxa de desemprego na França é grande mas entre os imigrantes é 8% maior.  Quando há emprego, os imigrantes ocupam os postos com as piores condições de trabalho.
Nos próximos meses a França entrará em processo de eleição presidencial.  Preocupado com a repercussão, o presidente François Hollande fez uma visita surpresa a Théo Témoigne no hospital, na quinta-feira, dia 9, e o convenceu a pronunciar-se publicamente pedindo o fim dos protestos. 

No Brasil

A violência contra o povo pobre no Brasil não é diferente. Até hoje queremos resposta sobre “onde está o Amarildo?”, trabalhador negro capturado, torturado e desaparecido por policiais no Rio de Janeiro. Como dizia Malcom-X: “não há capitalismo sem racismo”. Numa conjuntura de crise econômica e guerras, os mais pobres, negros, mulheres, imigrantes e LGBTs são os mais vulneráveis. 
É preciso dizer um basta e ampliar as lutas e a solidariedade: #aClasseTrabalhadoraéInternacional #justicepourtheo! 

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