Polícia mata 3 vezes mais negros do que brancos, segundo pesquisa

Além disso, estudo aponta que os policiais envolvidos nas mortes, são, em sua maioria, brancos (79%).
Professora pesquisadora da UFSCar fala em 'racismo institucional.

TDados do site G1:

Letalidade policial em SP (Foto: Arte/G1)
Estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), divulgou dados alarmantes sobre o extermínio do povo pobre e negro, pela Polícia Militar.O índice de negros mortos em ações policiais, a cada 100 mil habitantes de São Paulo, é três vezes o registrado para a população branca e a taxa de prisões em flagrante de negros é também duas vezes e meia maior que a verificada para os brancos. 
Os dados revelam que 61% das vítimas da polícia no estado de São Paulo são negras, 97% são homens jovens 77% com idade entre 15 a 29 anos. Já os policiais envolvidos são, em sua maioria, brancos (79%), sendo 96% da Polícia Militar.
A coordenadora da pesquisa, professora Jacqueline Sinhoretto, diz que existe hoje um “racismo institucional”. “Não é que o policial como pessoa tenha preconceito. É o modo como o sistema de segurança pública opera, identificando os jovens negros como perigosos e os colocando como alvos de uma política violenta, fatal”, diz.
O estudo sobre a letalidade policial, feito pelo Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos da universidade, levou em conta 734 processos da Ouvidoria, de 2009 a 2011, com 939 vítimas.
Quando os dados de mortes de 2011 de negros (193) e brancos (131) são comparados à população de cada etnia residente em SP, a taxa de negros mortos por 100 mil fica em 1,4, contra 0,5 dos brancos. Segundo os números da pesquisa, a população de negros no estado de São Paulo é de 14,3 milhões e a de brancos, 26,4 milhões.
“Isso é grave. Só o fato de a polícia ter um grau de letalidade tão alto já é muito problemático para uma democracia. Quando isso ainda contém um viés racial tão claro é porque a gente está diante de uma desigualdade, produzida por uma política de segurança definida”, afirma Jacqueline.
“A morte violenta, no entanto, ocorre muito precocemente. Isso indica que outras políticas de prevenção e repressão ao crime não foram nem sequer tentadas com esses cidadãos, isto supondo que eles realmente cometeram crimes, porque se não há apuração, não se pode afirmar se eles foram mesmo mortos porque cometeram delitos”, complementa a pesquisadora. 
Jacqueline diz que há atualmente uma “conivência” de todas as esferas com a política violenta exercida no estado de São Paulo.
Prisões
A pesquisa também fez um recorte das prisões  por homicídio e roubo realizadas no estado de 2008 a 2012, com base nos dados da própria Secretaria da Segurança Pública. Os negros foram novamente maioria.
Quando os dados de prisões de 2012 de negros (3.592) e brancos (2.682) são comparados à população de cada etnia residente em SP, a taxa de negros presos a cada 100 mil fica em 35, ante 14 dos brancos. 

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